Dia desses, ouvi (mais uma vez) alguém relatando sua viagem para um amigo e soltou um “eu sou viajante, não sou turista”, com tom arrogante, para ilustrar uma situação onde organizou sua viagem de forma independente, sem ajuda de agentes ou agências.
Como você se classifica?
Há uma boa discussão sobre como uma pessoa que viaja costuma (ou gosta de) ser chamada.
O termo “turista” quase sempre é usado para falar de viajantes que se comportam mal nos lugares, nos passeios… são os chatos que estragamo as viagens dos “viajantes”.
Segundo o dicionário, viajante é aquele que viaja – ponto final. Viagens podem ser a trabalho, a lazer, por motivos de saúde, para estudar, por N razões. É tudo viajante, minha gente!
Já o turista é aquele que faz turismo. Se você viaja para o destino X com fins turísticos, você é turista, sim! Os turistas (como o ser humano, em geral) podem ser divididos entre legais e chatos, maus e bons etc. O que difere um turista do outro é o seu estilo e a sua forma de se relacionar com as experiências da viagem.
Vamos aos exemplos?
Rogério mora em Porto Alegre e viajou para Fortaleza. Chegando lá, ele fez passeios para as praias de Cumbuco, caminhou na orla de Iracema e provou os pratos típicos da região. Ele é o que? Turista, oras. Ele não mora na cidade, foi lá passear e usufruir dos serviços turísticos. Não existe “não sou turista, sou viajante”, a menos que você vá morar no local, evite todo e qualquer tipo de turismo, ou passe um período por lá com outro objetivo, como estudar ou trabalhar, por exemplo.
Luísa vive em Brasília e passou uma semana na casa da sua amiga em Curitiba. Elas fizeram vários passeios usando transporte público, visitaram o Jardim Botânico, foram ao Museu Oscar Niemeyer (também conhecido como OLHO), almoçaram em Santa Felicidade. Vai dizer que não fizeram turismo só porque uma delas é moradora da cidade e não usaram serviços de agências?
Quem é viajante e quem é turista? TODOS 🙂
Quando você se denomina viajante porque busca uma experiência fora do eixo turístico, sem pacotes, sem amarras, você está se encaixando em um padrão de turista que procura novas experiências. Mas não deixa de ser turista. Ponto.
Não existe razão para demonizar gratuitamente um turista. Os pontos turísticos ficaram famosos porque tem algo de bom a oferecer, ou não? Será que vale a pena ir a Roma (sim, ela sempre está nos meus textos e no meu <3), e não visitar ou Coliseu, ou a Fontana di Trevi, só porque são locais turísticos? E o Cristo Redentor? Não vale conhecer aquela obra magnífica, com uma vista espetacular, só porque tem muitos turistas visitando?
Aí, a pessoa vai para um lugar, assume o personagem de “viajante” e quer matar todos os turistas, para viver como um “local”, rejeitando qualquer interação com outras pessoas que estão passeando por ali. Essa pessoa torna-se tão chata quanto qualquer “turista” que ela tanto odeia.
Até os moradores fazem turismo na cidade. Eu vivo visitando os cartões-postais da minha cidade. Não sou turista porque moro aqui (no Rio), mas viro uma ao fazer programas turísticos, fora da minha rotina de moradora. Da mesma forma que não sou viajante no Rio, mas me torno uma ao cruzar os limites do município. Seja para fazer turismo (que amo fazer), ou qualquer outra coisa.
Espero que esse texto tenha esclarecido as dúvidas e acabado com o preconceito que o “viajante” tem com o turista. Afinal, os dois habitam o mesmo corpo, o que muda é o cenário.
Seja turista, seja viajante, só não seja uma mala sem alça… porque essa ninguém quer carregar 😀
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😉
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